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A onda bizarra dos bebês reborn

  • Foto do escritor: Ronaldo Lino
    Ronaldo Lino
  • 18 de mai.
  • 2 min de leitura

Entre o fofo, o estranho e o “isso mexeu comigo”

Você tá lá, tranquilão no shopping, tomando seu café, e de repente cruza com uma mulher empurrando um carrinho. Normal. Até que você olha para o carrinho… e tá lá. Um bebê. Ou melhor: um boneco. Um bebê boneco. Um boneco bebê. Um reborn. E você fica ali, entre o “que fofo!” e o “meu Deus, por que isso tá me olhando com esse realismo perturbador?”.

Pois é, meus caros: vivemos a era dos bebês reborn, a nova febre que mistura arte, terapia, nostalgia e um leve toque de Black Mirror. São bonecos hiper-realistas, feitos com uma precisão cirúrgica. Dá até para ver a veinha da testa, o suor da bochecha (???) e aquele choro silencioso que só existe no plano espiritual. E sim, eles custam uma fortuna. Mais que minha parcela do carro. Mais que meu fone de ouvido. Mais que a dignidade que perdi assistindo tutorial de como dar banho num reborn sem traumatizá-lo.


Mas por que, Ronaldo? Por quê?!

A resposta é: não faço a menor ideia. Tem gente que compra pra lidar com a perda (até aí, super válido), tem gente que coleciona (ok…), tem gente que leva pra passear, veste, dá nome, assina certidão de nascimento e posta no Instagram como se tivesse parido ontem. E aí, meu amigo, minha amiga, meus leitores … é que o jogo vira.

Tem influencer de bebê reborn. Tem unboxing de bebê reborn. Tem festa de 1 mês do reborn. E eu fico aqui pensando: será que dá pra fazer título de eleitor pro reborn? O reborn vota em mim? Alô, TSE, vamos conversar?

E se você acha que já viu de tudo, se prepara: tem gente querendo levar esses bonecos pro SUS. Isso mesmo. Pessoas perturbadas achando que é razoável enfiar um reborn numa consulta médica pública. Como se não bastasse a fila quilométrica pra um ser humano de verdade conseguir atendimento, agora querem que a pediatria atenda um boneco. E não para por aí: já vi relato de tentativa de matrícula em escola. Escola! Com uniforme, carteira e merenda. É o colapso completo da lógica.

Será que chegamos, oficialmente, à falência como seres pensantes?

E o mais assustador de tudo: tem casas legislativas no Brasil, de meu Deus, incluindo câmaras de vereadores e assembleias estaduais apresentando projetos de lei pra proibir que esse tipo de insanidade aconteça. O que, veja bem, é necessário, mas ao mesmo tempo é inacreditável que a gente precise gastar tempo e recurso público pra dizer: “ei, boneco não precisa de atendimento médico”.

Daqui a pouco vai ter reborn com Bolsa Família, reborn com vaga na creche, reborn com isenção no vestibular. Não duvido mais de nada. Se alguém lançar reborn vereador em 2028, eu aposto que leva mais voto que muito humano por aí.

Então é isso. Se você cruzar comigo na rua e eu estiver empurrando um carrinho... não pergunta nada. Pode ser só a campanha andando. Ou talvez seja o momento certo pra me internar.



 
 
 

2 Comments


sara123dobrev
May 18

Eu rindo, mas com medo real de encontrar um reborn na fila do SUS 😅


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Tata De Jesus
Tata De Jesus
May 18

A verdade que não sabemos onde vamos parar, cada dia uma novidade no Brasil.

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